PLANO DE TRABALHO
A nossa proposta de elaboração de Projeto Paisagístico de um Jardim no entorno do Parque Tecnológico da UFG, conta com princípios do paisagismo naturalista, marcos identitários, mobilidade e suporte para atividades de extensão envolvendo o tema Ciências e Tecnologia, com escopo participativo e socioambiental.
Desenvolvendo e consolidando as propostas existentes e fornecidas pela Secretaria de infraestrutura da UFG, promovendo articulação com os órgãos competentes e desenvolvendo uma proposta conceitual, material de divulgação e apresentação do projeto. A proposta visa integrar a universidade, a comunidade e o entorno local para desenvolver um projeto que harmonize a natureza, o saber local e o conhecimento produzido aqui.
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A reconstituição do meio ambiente do local e sua integração com o contexto urbano buscará superar os impactos e danos ambientais integrando o ecossistema natural com o construído. Tal processo visa contribuir para a harmonia entre natureza e cidade, sem esgotar os recursos naturais, possibilitando o desenvolvimento urbano, socioeconômico e tecnológico.
O Projeto Paisagístico deverá buscar:
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a integração entre “eventos” urbanos e o ritmo anual da paisagem natural;
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a construção de uma proposta participativa e dialogada, resgatando as propostas existentes e consolidando-as em uma proposta coesa;
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a integração com a comunidade e entorno local, de forma a contribuir para a ampliação da produção acadêmica e de extensão da universidade com a comunidade.
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Desta forma a atividade terá resultados tanto de extensão, pesquisa e ensino, incluindo a capacitação de técnicos, da comunidade e a formação de alunos de graduação.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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A proposta paisagística se baseará na corrente contemporânea de paisagismo chamada de Wild Landscape (paisagismo naturalita, ou paisagismo selvagem), procurando evitar as espécies exóticas e resgatar as espécies nativas, incluindo as forrações, de forma a diminuir os riscos de incêndio e renaturalizar o ecossistema local.
Do ponto de vista do ensino, o projeto permite a aproximação da teoria e da projetação (na maioria das vezes apenas simulada nas atividades de ensino) em exercícios concretos e efetivos de arquitetura, além de aproximar as atividades acadêmicas das necessidades concretas da população. Assim, busca-se aproximar o aluno da realidade brasileira, as ideias teóricas da práxis social, e disseminar novos campos de atuação para o arquiteto.
A metodologia clássica de projeto de arquitetura foi sintetizada por Donald Schön (2000). Sua teoria apresenta importantes avanços para a pedagogia do projeto, enfatizando a importância do processo, do aprender fazendo e da atividade reflexiva em cada etapa de desenvolvimento. Porém, James Benedict Brown (in Harriss & Widder, 2014: 18-23) enfatiza que esta prática de projeto clássica continua a manter um cisão entre o processo e o produto, a teoria e a práxis. Para ele “projetos vivos” permitem quebrar estas dicotomias por lidar com questões concretas, além de quebrar com a dicotomia entre professor e aluno, rompendo com o modelo da “educação bancária” (Freire, 1983), pois os alunos e a comunidade têm um papel ativo no desenvolvimento dos projetos, ampliando o contato da comunidade com a produção do conhecimento. Alan Chandler (in Harriss & Widder, 2014: 65-71) afirma que, ao aproximar a “reflexão” do “fazer”, estas experiências também permitem uma reflexão mais ampla da “construção da realidade” e da “realidade da construção”.
Também ampliando o horizonte tradicional da arquitetura, a pesquisa Spatial Agency, coordenada por Jeremy Till (Till ET AL., 2011), apresenta um campo vasto de experiências onde a arquitetura contribui dialeticamente com a produção do espaço social. Essa pesquisa demostra outras formas de fazer arquitetura, ampliando o campo de atuação, o papel social, e as formas de organização do trabalho do arquiteto, apresentando várias formas de se desenvolver projetos participativas e projetos ativos socialmente (não apenas como uma reação a uma demanda, mas, como produtor de novas demandas sociais). Por isto ela é fundamental para os resultados esperados por este projeto.
Além disso, como afirma David Harvey (2004), é fundamental formular e desenvolver “utopias dialéticas” que permitam a construção de alternativas para o mundo e as cidades contemporâneas. Construir o que ele chamou de “espaços de esperança” é uma formulação que está atrelada à atividade dos arquitetos e urbanistas, e através deste projeto poderá desenvolver novas alternativas de organização sócio-ambiental do espaço. Para isso a atividade dos docentes, discentes e técnicos administrativos estará pautada pela formulação de novas ideias que podem ampliar o direito à cidade e o desenvolvimento sustentável no espaço construído.
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METODOLOGIA
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As etapas de projeto a ser utilizada pelo LPP será baseada na proposta da ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas) e em workshops de “Live Projects”. Os produtos finais, em seu pleno desenvolvimento, serão representados graficamente e complementados quando necessário por relatórios, tabelas, fotos e outras ilustrações, estando sob proteção de direitos autorais nos termos da legislação nacional e internacional em vigor. Os elementos do projeto serão apresentados de forma a permitir o seu entendimento em todas as fases, desde a sua concepção até a sua implantação, e serão compostos, em cada etapa, dos elementos abaixo elencados:
1ª PARTE
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Coleta de dados e levantamentos. Elaboração do programa de necessidades e pré-dimensionamentos
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​Pesquisa da função: pesquisa, análise e crítica da função através de bibliografia específica, de entrevistas e de visitas e contatos globais com as obras análogas. Coleta de dados e análise da função social da área, dos projetos existentes e do planejamento institucional.
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Oficinas Participativas: para a definição das diretrizes gerais e características específicas para o projeto de paisagismo serão realizadas workshops (oficinas, palestras e debates) abertos à comunidade, subsidiando a definição do programa de necessidades com a quantificação e a tipologia dos espaços e atividades, dos usuários, do mobiliário, dos equipamentos e instalações, das peculiaridades da área e coleta de ideias, desejos e alternativas.
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Programação e Estudos de Viabilidade: estimativas das áreas, tendo em vista as necessidades expressas no programa, que permite um pré-orçamento e tomada de decisões.
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N.B: Não constam desta proposta, e deverão ser fornecidos separadamente todos os elementos básicos necessários para a elaboração do projeto, tais como o Levantamento Plani-Altimétrico e Cadastral, sondagens, análises de solo, dados fitobiológicos, geomorfológicos, climáticos e outros.
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Estudo Preliminar
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Partido projetual
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Definição da concepção e das diretrizes a serem adotadas, indicando as alternativas de partido e sua viabilidade física e econômica, transcritas em relatórios e pranchas de desenho em escala 1:1000
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Seminário de apresentação da Proposta: discussão com a comunidade interna sobre a proposta, levantamento de sugestões e definição de alternativas.
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Consolidação e definição das propostas preliminares
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- Anteprojeto: o Anteprojeto será apresentado através de ilustrações e peças gráficas, plantas, cortes, elevações, em escala 1:400 e/ou 1:200, de forma a permitir a total explicitação e entendimento do partido adotado, distribuição espacial das atividades, indicação do tratamento paisagístico, linguagem de desenho a ser imprimido a cada espaço, definição básica dos materiais a serem adotados, modelagem preliminar do terreno, tipologia da vegetação e indicação de elementos especiais tais como estruturas, peças de água, obras de arte, e demais elementos pertinentes.
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2ª PARTE
A segunda parte será desenvolvida através de um projeto de extensão futuro ou de outros arranjos (em parceria com a prefeitura, pela SEINFRA, ou com serviços terceirizados), a depender do desenvolvimento da primeira parte, e será composta:
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Projeto para Complementares;
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Orientação dos projetos complementares;
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Projeto Executivo.
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REFERÊNCIAS
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Freire, P. (1983) Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
H. Harriss, L. Widder. Architecture live Projects – pedagogy into practice. London: Routledge.
Harvey, D. (2004) Espaços de Esperança. São Paulo: Ed. Loyola.
Schön, D. A. (2000) Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artmed.
SIQUEIRA, M. (2016) Jardins de Cerrado: potencial paisagístico da savana brasileira. Revista Varau, n. 4, p. 32-46. Disponível em <https://issuu.com/revistavarau/docs/varau04_issue_2> Acesso em 21 maio. 2017.
SIQUEIRA, M. et al. (2017) More than trees. Landscape Architecture Frontiers, volume 5, edição 5, p. 144-153. Disponível em <http://journal.hep.com.cn/laf/EN/10.15302/J-LAF-20170514> Acesso em 15 maio. 2018.
Till, J.; et alli.(2011) Spatial Agency: Other Ways of Doing Architecture. London: Routledge
